sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sobre sair para passear sozinha com o bebê

Imagem retirada de metropolitana.com.br
 
 
 
Esses dias alguns amigos me convidaram a ir a um restaurante á noite. Respondi meus amigos dizendo que eu não iria pois eu estava sozinha com a Lina (de 9 meses) já que meu marido havia viajado a trabalho. Eles arregalaram os olhos como seu eu fosse de outro planeta e disseram: -“Ué, mas é só colocar ela na cadeirinha do carro e ir.”
 
Será que as pessoas pensam que é tão simples assim mesmo ou eu que estou colocando dificuldades em tudo?
 
Fiquei pensando bastante nisso, e fiquei até um pouco chateada.
 
Geralmente a Lina dá bastante trabalho lá no banco de trás. Sempre fui (ou meu marido foi) acompanhando ela lá atrás e a distraindo caso se irritasse. Quando é viagem mais longa, em estrada, ela dorme rapidinho, e durante a viagem inteira. Mas pra sair na cidade, onde a velocidade é baixa e tem os arranca e para, ela perde a paciência. Eu já tentei sair com ela sozinha uma vez, aos 3 meses, e foi o suficiente para traumatizar. Mesmo com brinquedinhos à disposição, ela chorou bastante, fiquei morrendo de dó. Além disso, o fato de não ter portão eletrônico em casa me deixa mais cabreira ainda. Por isso nunca mais saí com ela sozinha de carro e fiquei pensando se não a deixei “mal acostumada” a ter sempre companhia lá atrás. Pode ser.
 
Mas também fiquei pensando se realmente era necessário sair com ela sozinha. Se eu queria? É lógico que eu queria sair! Mas sinceramente... dá trabalho e cansa. Tem que arrumar fralda, roupa, mamadeira, sling, brinquedos, etc. Em casa eu já deixo uma mochila mais ou menos pronta, mas chegar do trabalho, tentar tomar banho, arrumar as coisas, esperar ela ficar tranquila, por ela na cadeirinha, abrir o portão, tirar o carro, fechar o portão, entrar no carro e ir, pra mim é muito. Claro que se eu precisasse ir ao médico ou algo de urgência e não tivesse jeito eu iria sozinha mesmo. Mas a chance dela chorar de esgoelar não é pequena.
 
Se mamães precisam sair de casa?? É claro que precisam. Não estou dizendo o contrário. Eu mesma quase pirei logo que a Lina nasceu, e com uma semana fui ao supermercado com ela e com 15 dias fui a um churrasco. Eu precisava ver gente, conversar de outras coisas. Isso é saudável e desestressa. Mas meu marido foi junto.
 
Mas pra falar a verdade, o que eu fiquei pensando mesmo, foi na reação dos meus amigos. Me senti muito mal na hora.
 
Pelo que parece, é super normal, e quase uma obrigação, uma mãe dar conta de sair sozinha com o bebê de carro. Acho que chega até a ser uma comprovação de que você é uma mulher moderna, e que não fica só em casa cuidando do bebê. Afinal, tem coisa mais chique do que dar à luz e conseguir levar sua vida normalmente, como se nada tivesse acontecido? Tem coisa mais chique do que ter um bebê e continuar indo ao cabeleireiro toda semana, indo a todos os encontros com as amigas, saindo pelas ruas resolvendo os problemas, e melhor ainda: fazer compras no shopping com o bebê pequeninho a tira-colo, e sem o maridão? Isso é o sinônimo de mulher evoluída, moderna, independente. Mulher não pode parar a vida dela só porque ela teve um bebê. Bom mesmo é seguir a vida como se o bebê nem existisse, lembrando dele apenas na hora de amamentar ou trocar as fraldas.
 
Pensando sobre o assunto me lembrei de um casal de grávidos que conheci um dia, aliás, em uma festa com música alta onde minha filha dormia tranquilamente. O casal ficou admirado, todo mundo achou lindo. Ao que futuro papai chegou até mim em um dado momento e me disse: -“Nossa, parabéns, quero criar meu filho assim. Afinal, são eles (os bebês) que devem se adaptar ao nosso mundo, e não nós que devemos nos adaptar ao mundo deles”. Ahn????? De onde ele tirou isso??? Eu nem respondi, só dei um sorrisinho amarelo.
 
Beleza, minha filha dormia mesmo com a música alta porque era o horário dela dormir normalmente. Mas me respondam, adultos, vocês já dormiram em algum lugar com muito barulho e/ou luz forte? Sim, é muito possível dormir nessas condições, eu mesmo já dormi. Mas o sono é restaurador do mesmo modo?
 
Voltando ao assunto, o que quis dizer é que essa pressão e expectativa da sociedade de que você seja uma mãe independente que dê conta de sair sozinha para se divertir com o filho bebezinho, é real, ela existe. É lindo não ter que deixar de ir à uma festa com os amigos só porque você tem um bebê. Ora, onde já se viu... SÓ porque você tem um BEBÊ você nunca mais vai sair de casa?? Calma mamães... essa fase de ficar mais em casa passa logo. Bebês são bebês por pouquíssimo tempo. Logo vocês poderão voltar à ir às festas e a todos os outros lugares e talvez já estarão até com saudade da época em que tinham um bebezinho em casa. Não sou só eu que estou falando não: pode ver lá no blog da Fabi Corrêa.
 
 
Bem, ainda estou pensando se estou sendo muito radical ou medrosa de evitar sair com minha filha sozinha. Mas pra falar a verdade, eu nunca precisei mesmo sair sozinha com ela. Uma saída ao restaurante? Posso adiar alguns dias. Uma conversa só com as amigas? Prefiro deixar minha filha com meu marido e ir sozinha. Compras no shopping? Não acho saudável para adulto, quem dirá para um bebê. Assim como também não acho saudável levar bebês muito pequenos a lugares muito agitados com muita frequência, e muito menos sem necessidade.
 
E no fim das contas, mesmo ainda me sentindo mal pela reação dos meus amigos, cheguei à conclusão que sim, posso estar colocando mais dificuldade do que o normal, mas eu posso continuar esperando meu marido ou alguma outra pessoa me acompanhar quando eu quiser sair de casa tranquila com ela. Não quero correr o risco ainda de sair com minha bebê e vê-la se esgoelar de chorar, sem que eu possa fazer nada, e o que acho pior, tirando minha atenção do volante (alguém aí consegue manter a atenção no trânsito com um bebê chorando no banco de trás?).

Tenho saído menos do que antes e acho que é natural (claro que não é para as mamães modernas e independentes), mas eu posso aguentar isso. Aliás, eu amo ficar em casa com ela. E sinceramente, não acho que bebês têm a necessidade de sair com frequência. Inclusive, acho que muita informação os hiperestimula, o que nunca é bom e pode ter consequências graves.
 
Com certeza é uma fase que passa rapidinho.

Um comentário:

  1. Totalmente de acordo! Meu filho tem oito meses e eu evito ao máximo de sair sozinha. Também tentei uma vez aos 3 meses e ele chorou bastante. Só saio com alguém para acompanhar.

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